FÓRMULA UM SEM SENNA É CORRIDA DE CHARRETE
Para
o telespectador brasileiro patriota, a Fórmula 1 sem Senna na TV ficou sem graça. Chata, sem
emoção, sem coração no volante. A Globo está amarrada nesse circo porque vende
os patrocínios 1 ano antes e tem que honrar. Mas não só por isso, creio eu.
Continua
transmitindo também para não frustrar os fanáticos por automobilismo, que
talvez constituam uma porção relevante do conjunto de telespectadores que
assistem à programação da Globo. E para respaldar o negócio bilionário da
indústria automotiva, que evolui nas ruas e nos campos a partir da evolução nas
pistas de F-1, a coroa das corridas.
Por
outro lado, os autódromos homologados pela autoridade máxima da F-1, Bernie
Ecclestone (*), consumiram bilhões de dólares em sua construção, e continuam
consumindo em manutenção e administração. E só servem para corridas de automóveis e
escolas de pilotos, não tem a conversibilidade de um estádio de futebol, que pode
ser transformado rapidamente em palco para shows, produzindo fluxos de rendas
permanentes para cobrir custos e remunerar o capital investido.
Se
não fosse um bom negócio e um privilégio fazer parte desse grupo fechado, os
magnatas do petróleo do mundo árabe não teriam investido na construção de
suntuosos palácios de corridas.
A
tecnologia do automóvel do dia-a-dia progride nas pistas de corrida, mais do que
no chão da fábrica.
Inovações
e melhores desempenhos de motores e aerodinâmica dos carros comerciais surgem
nas provas de F-1. É sobre essa plataforma que repousa a olímpica liderança da
F-1 no automobilismo mundial.
Voltando
à chatice atual da F-1 na TV brasileira.
Meu
amigo Galvão Bueno, não adiante você se esgoelar bradando nomes estrangeiros
como Vettel, Raikonnen, Rosberg, Lewis Hamilton, Mark Weber, Jenson Button ... porque esses nomes não dizem nada ao coração
do público brasileiro.
O automobilismo no Brasil fica em São Paulo. Lá em
Interlagos é onde roncam os motores.
O automobilismo no Rio fechou para balanço.
É um esporte caro. De filhinho de pai rico que começa
pelo kart. É um esporte de elite como o golfe, a vela e outros que requerem muita
grana.
A
audiência das transmissões da F-1 somente aumentará se surgir um novo ídolo
brasileiro.
E
um novo Senna, como um novo Pelé, um novo Gustavo Kuerten, um novo Lars ou
Torben Grael ... só surge de 100
(*)O inglês Bernard Charles "Bernie" Ecclestone é o presidente e CEO da Formula One Management (FOM) e da Formula One Administration (FOA) e maior acionista da Alpha Prema, a matriz das companhias que gerenciam a Fórmula 1, o que o torna a autoridade máxima em termos da categoria. Seu controle sobre o esporte, resultado de seu pioneirismo na venda dos direitos televisivos nos anos 1970, é sobretudo financeiro, mas os termos contratuais entre a FIA, as equipes e a Formula One Administration garantem-lhe ainda a administração, estrutura e logística de cada Grande Prêmio de Fórmula 1. Esse homem é poderoso. Soube construir um imperio.